Um desafio para o novo secretário-geral do PCP
«... precisamos de um partido adaptado ao nosso tempo, respeitando o passado e com os olhos no futuro. Um partido sem trauma, sem tabús nem preconceitos, ligado à vida, atento às novas realidades, firme nos princípios, sem exclusão de ninguém. Precisamos de um partido com mais democracia e menos centralismo, mais capacidade de direcção e menos imposição, mais controlo de execução, ou seja, mais correcto acompanhamento dos quadros, incentivador do seu envolvimento e responsabilização; com mais trabalho político e menos ocupação administrativa, mais trabalho ideológico e mais rigor e capacidade de aperfeiçoar o trabalho colectivo, responsabilizando e respeitando mais o indivíduo.
Somos comunistas porque temos uma ideologia própria, porque temos primcípios que nos diferenciam de outros, porque temos um projecto de transformação da sociedade em que vivemos. Uma sociedade que respeita mais o homem e seja mais justa, mais fraterna e mais solidária.»
Fiz esta declaração numa assembleia do PCP, em 02/12/1990. Porque não foi isto que aconteceu, entre outras coisas, uns anos mais tarde decidi sair do partido. Apesar disso e do estado do partido se ter vindo a agravar, gostava de o ver seguindo as linhas que então apontei. Este será também um desafio para o novo secretário-geral.