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Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

A sociedade está gravemente doente mas pode ter tratamento eficaz

Zé LG, 04.12.24

Screenshot 2024-12-04 at 11-53-04 O mês é Novembro o penúltimo do ano Rádio Voz da Planície - 104.5FM - Beja.png«São demasiados números (de abuso sexual contra crianças e violência doméstica), rostos novos a cada dia, gritos no calendário que clamam por mais ação, mais justiça, melhor prevenção, mas que ainda passam ao lado de tantos, imersos nas teias das suas vidas, entorpecidos e alheios ao horror destas tragédias, que vitimam muito mais que as vítimas mortais.
São cifras negras que nos envergonham e doem, é um mal que urge reparar e erradicar, a bem de um Futuro promissor e saudável.
A Escola é o terreno para cultivar novas mentalidades e destruir paradigmas. A Educação para a justiça, a igualdade, a tolerância e os afetos será o antídoto para curar o veneno e criar as novas gerações em harmonia. Sem preconceito ou fomento de desigualdades, sejam elas de género, de classe social, raça ou credo. Com os olhos postos numa sociedade desenvolvida e onde ninguém possa sequer imaginar-se como superior ou proprietário de outro alguém.
O diagnóstico está feito, as receitas estão prescritas, o tratamento é eficaz.
Resta-nos enterrar mais uma mulher e perguntar: o que falta para o colocar em prática?»
Da crónica de opinião de Maria Manuel Coelho, antropóloga, que pode ler e ouvir aqui.

“Beja nunca foi Aberta”(?)

Zé LG, 09.11.24

465690201_122095953422610814_3691031093983869689_n.jpg«Se há coisa que Beja nunca foi é Aberta. Pelo contrário sempre foi fechada a tudo o que é novo, ou vem de fora, ou propõe melhorias ou algum tipo de mudanças. As grupetas agarradas ao poder fecham-se sobre a sua própria incompetência, barrando qualquer contributo para o desenvolvimento; jogam à defesa para não perder o tacho. Essa é a razão pela qual Beja tem ficado para trás e vai continuar a ficar, até que uma nova estirpe de gente, capaz, inteligente e criativa e com vontade de trabalhar, tenha acesso aos cargos de decisão. Talvez depois de se reformarem os donos da câmara municipal, juntas e afins.» Anónimo, 08.11.2024, aqui.

Segurança não se alcança apenas com repressão

Zé LG, 30.10.24

Banner-Lopes-Guerreiro-300x286.jpgA segurança interna consiste na atividade do Estado destinada a assegurar a ordem e a segurança públicas, a prevenção e repressão da criminalidade, respeito pela institucionalidade e legalidade democráticas, a proteção de pessoas, dos seus bens e dos seus direitos, liberdades e garantias.”, sendo “O Governo ... o órgão responsável pela condução da política de segurança interna.
Lendo estes conceitos legais, pode-se concluir que o governo não cumpriu a sua responsabilidade, ao não assegurar a segurança pública na Área Metropolitana de Lisboa, na semana passada, onde se registaram crimes contra pessoas e bens públicos e privados, na sequência da morte de um cidadão por um agente da PSP.

"O nosso país não é isto…”

Zé LG, 29.10.24

Screenshot 2024-10-29 at 12-12-34 Odair Moniz. Um rastilho que incendiou Lisboa Rádio Voz da Planície - 104.5FM - Beja.png«Quando era jovem trabalhei em vários bairros de Lisboa (que mais tarde receberam a designação de “bairros problemáticos” ou “periféricos” - embora integrem a malha da cidade). Bairros habitados muitas vezes por imigrantes de primeira geração, como se diz. Fui sempre bem recebido, com gentileza e educação. Vi muita pobreza, mas também muita dignidade. Estávamos em meados dos anos 90 e os problemas de habitabilidade e inserção eram gritantes.
De então para cá melhoraram algumas coisas. Pioraram muitas mais. Houve, nitidamente, um elo que se quebrou. Os mais jovens não se reveem neste país. E muito menos no país de origem dos seus pais ou dos seus avós. Estão entre dois mundos, o que significa que não estão em lugar nenhum. Não é difícil cair na marginalidade quando se olha em frente e não se vê nenhum horizonte. Isto não é desculpável. Mas é constatável.» Paulo Monteiro, aqui.

“A fraternidade dos “sem nada” resgatou-o para a vida”

Zé LG, 27.10.24

202410221807218253.jpg«… às vezes é necessário descer ao fundo “dos infernos” para renascer. Foi o que aconteceu ao João António. Hoje não é um homem só. Faz parte da comunidade dos “sem abrigo” que habitam a cidade, constituída por migrantes de vários países que aqui vieram em procura de uma vida melhor e que encontraram nos poderes públicos a indiferença que caracteriza a falta de humanidade. Ensina-lhes português, ajuda-os nos contactos com a máquina burocrática do Estado e lidera o movimento contra as câmaras de vigilância que os governantes querem colocar nas ruas da cidade para policiar a vida dos cidadãos. A solidão e a falta de amor lançaram o João António nas margens da cidade. A fraternidade dos “sem nada” resgatou-o para a vida.» Constantino Piçarra, com ilustração de Joaquim Rosa, aqui.

Secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão visitou a Cáritas Diocesana

Zé LG, 01.10.24

Sem nome (112).pngA secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes, visitou a Cáritas Diocesana, passando em revista os vários espaços desta instituição da cidade com respostas sociais e prometeu levar à tutela as questões das pessoas em situação de sem abrigo, em particular as do concelho de Beja.
Passado cerca de um ano e meio, desde que o Centro de Acolhimento de Emergência Social (CAES) da Cáritas Diocesana de Beja abriu portas para dar resposta, temporária, a situações emergentes, tornou-se num problema, porque há pessoas que, passado mais de um ano, permanecem no Centro de Acolhimento por falta de resposta de autonomização para poder sair ou por falta de outra resposta social que não seja o CAES, o que levou Isaurindo Oliveira, presidente da Cáritas Diocesana de Beja, a afirmar que, caso não existam soluções, não vale a pena ter o Centro de Acolhimento em funcionamento e que as soluções devem ser encontradas de uma forma consertada entre a Cáritas Diocesana de Beja, a Segurança Social e o Governo. Clara Marques Mendes disse que esta “resposta foi pensada há algum tempo” e irá ser reavaliada, destacando, ainda, a relevância de um trabalho de articulação entre o Governo, os autarcas e as instituições.

“A migração desempenha um papel vital nas economias modernas”

Zé LG, 22.09.24

Antonio_Saraiva_final.png«A capacidade de uma sociedade acolher e integrar imigrantes depende de um conjunto de fatores, incluindo a eficácia das suas políticas migratórias, a disponibilidade de recursos de suporte e a recetividade dos habitantes locais à diversidade. … Em países como Portugal, o desequilíbrio entre a emigração de profissionais qualificados e a imigração de trabalhadores menos qualificados coloca desafios, mas também apresenta oportunidades. ... Contudo, a questão não é meramente económica; é também profundamente humana. A imigração é essencial para manter e prosperar o mercado de trabalho nacional. ... É fundamental que haja uma gestão eficaz dos fluxos migratórios e que as políticas de integração sejam robustas e inclusivas. Uma política de imigração económica bem estruturada deve ser proativa, indo além de uma simples aceitação passiva de trabalhadores. Deverá envolver acordos bilaterais com os países de origem combatendo igualmente as redes de tráfico humano.» António Saraiva, Consultor, aqui.

“Quando for velho quero ser assim.”

Zé LG, 30.08.24

243855518_4432360260189174_8648012364433723284_n.jpg«… um dos privilégios da velhice é ter histórias para contar por isso gostava de poder contar histórias. Gostava de contar histórias aos netos e a outra gente mais nova, já não para ensinar, ensinar é tarefa para grandes, pais e professores, não é para velhos, mesmo professores velhos. As histórias dos velhos são para ouvir e conversar, não são para aprender.
Outro privilégio que a velhice traz é assim uma espécie de inimputabilidade, podemos dizer e fazer coisas estranhas que as pessoas aceitam e dizem de forma condescendente, é velho, às vezes até acham graça. Deve ser bom poder dizer e fazer, quase, o que nos vem à cabeça. Quando for velho quero ser assim.» Zé Morgado, aqui.

“é preciso saber acolher os jovens e abrir muitas mentalidades” para que eles queiram vir para Beja

Zé LG, 27.08.24

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«Penso que a situação da ESAB/IPBeja terá mais que ver com a cidade de Beja do que com a qualidade da instituição de ensino superior. Quem é @ jovem que quer vir para a Beja? Maus acessos, pouca relevância/prestigio nacional, cidade extremamente conservadora, clima agreste, preços caríssimos. Há alguns bons exemplos com capacidade de atração: UBINET/ Cibercrime e Inteligência artificial com ligações ao IPBEJA e o Cante e a música, em que Beja e o Baixo Alentejo se distinguem no panorama nacional. Mas é preciso saber acolher os jovens e abrir muitas mentalidades.» Paulo, 27.08.2024, aqui.

"Porque a vila também é minha."

Zé LG, 25.08.24

456575614_10220157271642555_6548254759193833459_n.jpg«… Como as ruas da vila são curtas e estreitas e os machos são os maiores das ruas deles, acham, por vezes, que a vila também lhes pertence. O que os machos da vila não esperavam é que à vila voltasse uma mulher que também nela cresceu. Que é, também ela, mulher da vila, crescida no bairro. Filha e neta de homens sábios – das letras e da terra –, que nunca precisaram ser machos para ser enormes. Filha e neta de mulheres gigantes, que nunca almejaram ser companheiras de macho por se valerem de si. Sou também, entre tantos outros sítios, da vila e do bairro. E orgulho-me disso. Sou das vizinhas e dos vizinhos que me davam lanche. Das primas e dos primos da rua. Dos cumprimentos à ida ao pão. Das corridas de bicicletas e das calçadas. Da natação no tanque da horta. Dos saraus. E, também por isso, esta mulher da vila, que teve a oportunidade de conhecer mais horizonte que as ruas curtas e estreitas, não tem medo, não se deixa intimidar, não baixa a cabeça e jamais calará a voz.
Quanto aos machos da vila, por maiores que se julguem nas ruas curtas e estreitas, serão sempre e apenas homenzinhos inseguros e cobardolas, amedrontados e frustrados, pequeninos-pequeninos até perante tudo o que é a vila. Jamais serão os machos os donos da vila. Porque a vila também é minha.» Lisa Ferro, aqui.