“Foi bom regressar à minha terra já em democracia”, afirma, convicto, António Palminha. No entanto, o mecânico também viu com tristeza a “balburdia” que estava a acontecer, não só em Baleizão, mas um pouco por toda a região. “Toda a gente queria ocupar tudo: herdades, pequenas propriedades, oficinas, tudo. Nessa altura, eu já trabalhava numa oficina, em Beja, quando me convidaram para ocupar essa mesma empresa. Disse-lhes que o homem (o patrão) paga-nos acima da lei, portanto a gente não pode ocupar isto”, lembra, com alguma desilusão. A oficina foi ocupada. António Palminha, não concordando com a decisão, acabou por sair. Mais tarde, a ocupação resultou no fecho da empresa.
Sem trabalho, o mecânico decidiu abrir uma oficina na sua terra.
“Na altura, os agricultores aqui na zona de Baleizão davam-me muito trabalho. Entretanto, o pessoal da Reforma Agrária veio ter comigo com uma proposta: davam-me todo o trabalho, mas eu tinha que deixar de fazer serviços para os agricultores”. António Palminha não aceitou e esclareceu “da porta da oficina para dentro não há política”. Justificando que “aqui são todos clientes”. Daqui.