“As recentes declarações do Governador do Banco de Portugal (BdP), sugerindo que Portugal tem sido um “recetor líquido de diplomados” nos últimos oito anos, levantaram polémica e geraram perplexidade. Mas, afinal, os números suportam essa visão otimista ou mascaram uma realidade mais preocupante? Neste artigo desvendo o verdadeiro retrato da perda de talento em Portugal, devido à saída dos nossos jovens qualificados, um problema que ameaça o futuro do país e que não pode ser ignorado. … De forma mais realista, posso afirmar que, com elevada probabilidade, a perda líquida de jovens talentos (devido à emigração do talento gerado – os novos diplomados –, descontando os emigrantes regressados e os imigrantes com formação superior até 34 anos) será superior a 60 mil por ano, ou seja, mais de três quartos dos novos diplomados (80 mil por ano), sendo assim responsável pela perda global de talento.”
Óscar Afonso, Diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Professor Catedrático e sócio fundador do OBEGEF.
As conclusões dependem muito de como são trabalhados os dados usados. Só um exemplo: Se os números de mestrados e doutoramentos forem acrescentados aos das licenciaturas inflaccionam os números de diplomados, porque o mesmo jovem é contabilizado três vezes, com a licenciatura, o mestrado e o doutoramento… Uma vez que o debate envolveu já o Governador do BdP, o ministro das Finanças e o Diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, esperemos que se chegue a uma só conclusão, com base nos mesmos dados, porque ela é importante para o delinear de políticas com vista à fixação de quadros qualificados.