Trabalhando e empobrecendo
Um em cada dois portugueses atualmente empregados sente que o seu salário não cobre todas as suas despesas, de acordo com o primeiro Barómetro Europeu sobre Pobreza e Precariedade, divulgado esta quarta-feira.
Portugal é o terceiro país da UE com maior precariedade. Segundo o Eurostat, no primeiro trimestre do ano 17,2% dos trabalhadores tinham um contrato a termo ou com duração limitada, registando-se um agravamento no segundo trimestre, tendo aquela percentagem aumentado para 17,8%.
"Não é de estranhar que as pessoas que começaram - já há muito tempo e com crises sucessivas - a encontrar soluções alternativas para cortar tudo quanto podiam cheguem a este ponto. É assustador porque, de acordo com o estudo, 50% das pessoas não têm capacidade para pagar as suas despesas mensais. Nós, neste momento, estamos a falar de 50%. Nós nunca falamos de 50% de pessoas em situação de pobreza", alerta a presidente da Cáritas portuguesa, Rita Valadas.
“Os salários dos trabalhadores no nosso país de facto são salários muito baixos que não dão garantia de dignidade de vida, de poder responder às necessidades que os trabalhadores têm – bem como as pensões, em relação aos reformados e pensionistas”, afirmou a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, frisando que: “No nosso país trabalha-se e empobrece-se. Isto é inaceitável, porque efetivamente nós temos todas as condições para garantir a vida digna a todos”, porque “tem havido crescimento económico, tem havido crescimento da produtividade, mas isso tudo não tem sido acompanhado pelo aumento dos salários dos trabalhadores”.