«A QUENTE: resultados eleitorais não surpreendentes, mas tudo tem causas e consequências. Causas: décadas de más governações, de promessas vãs, de cepa torta e de democracia fraca, tosca e viciada por corruptos. Consequências: descrédito da classe política e dos partidos tradicionais, " jogar tudo para o alto", ascensão de "salvadores" sem passado, mas que falam a jeito, desvalorização do pouco que se tem e se pode perder (estado social, SNS, escola pública, etc.), perigo de trocar uma democracia frágil por uma dita...dura. Ontem, as eleições deixaram-nos neste ponto. PSD e PS, grandes responsáveis pelas más governações, "comidos" pela extrema-direita de Chega e IL. Um caldinho! Lamento, mas ninguém está de parabéns. Nem mesmo os que se congratulam! Política não é futebol. Partidos não são clubes. Será que os portugueses que votaram nos fascistas, querem o regresso do fascismo e do seu rol de injustiças e crueldades? Não creio. Sinceramente, não creio. Esses portugueses estão é fartos dos outros partidos todos, estão desesperados e em vez de optarem por fortalecer quem realmente os defende, entregaram-se ao voto populista de revolta que abre a porta ao fascismo. Por preconceito e ignorância. Fizeram um jogo muito perigoso que nos deixa juntinho do abismo. Cá, como noutros lados. Aqui chegados, pergunto-me: e agora? Agora iremos pagar caro por este devaneio nefasto (iremos perder muito do que dávamos por adquirido), mas os que tiverem lucidez e força terão que pôr ordem no bordel político-partidário. Se for possível, não tenho a certeza. Ou sucumbir. Ou zarpar, o que é sempre uma opção. Estou velho, mas estou a olhar para as malas...» José Manuel Candeias, aqui.