Nunca um processo com este levantou tanta polémica. O que é natural tendo em conta que levou ao pedido de demissão do primeiro-ministro, imediatamente aceite pelo Presidente da República.
As opiniões dividem-se, principalmente, entre os que defendem a PGR por ter enfrentado os podres do poder instalado e os que entendem que o processo não passa de uma cabala política, em que a PGR, numa atitude justiceira se intrometeu na política, desrespeitando a separação de poderes.
Entre os primeiros, surge toda a direita, com especial destaque para o Chega e a Iniciativa Liberal, que assumem agora a defesa do que antes criticaram – a eventual judicialização da política por parte da PGR. Entre os últimos, surgem, entre muitos outros, Vital Moreira, Miguel Sousa Tavares e Zita Seabra que defendem a demissão da Procuradora Geral da República e que o PR reverta anule as decisões anunciadas de aceitação da demissão do primeiro-ministro e dissolução da Assembleia da República e marcação de eleições.Também os comentadores profissionais e especialistas ou de serviço se dividem nestas dias visões, o que dificulta a formação de uma opinião fundamentada e sustentada, tais são os argumentos e informações apresentados.
Afinal em que é que ficamos? Há efectivamente matéria que, neste caso, comprova que António Costa, o seu governo e o seu partido têm usado e abusado do poder para atingir os seus objectivos e fins e em benefício próprio ou dos seus, ou, pelo contrário, este processo foi usado para dar os argumentos necessários ao PR para antecipar as eleições para a Assembleia da República, como a direita reclamava?