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Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

Tráfico de pessoas aumentou em Portugal

Zé LG, 14.04.23

202104090856093885.jpgO tráfico de pessoas em Portugal, que está a aumentar, está ligado ao trabalho em campanhas sazonais agrícolas em locais de difícil acesso no interior alentejano e na zona oeste, o que dificulta a fiscalização, segundo o Relatório Anual de Segurança (RASI) de 2022, que dá conta de um aumento do número de presumíveis vítimas sinalizadas para 378, mais 60 do que em 2021. A maioria das presumíveis vítimas sinalizadas em Portugal são homens, com uma média de idades de 32 anos, oriundos do Nepal, Índia, Marrocos, Argélia, Brasil e Roménia.

O tráfico de pessoas continua a estar “muito ligado a angariação e recrutamento para trabalho em campanhas sazonais, como apanha da azeitona, castanha, frutos ou produtos hortícolas” e as vítimas são levadas para os locais das explorações agrícolas, onde passam a trabalhar e a residir e a depender “totalmente da vontade dos empregadores”.

As vítimas, que possuem “escassos recursos económicos” e se encontram “em estado de vulnerabilidade”, são colocadas a trabalhar geralmente em locais situados no interior alentejano ou na zona oeste do país, “com difíceis condições de acesso, dificultando a fiscalização”.

Importa não esquecer a agressão ao Iraque em 2003

Zé LG, 20.03.23

13687.jpgVinte anos depois, importa relembrar a encenação do então secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, no Conselho de Segurança da ONU, através de um rol de falsidades sobre as alegadas «armas de destruição maciça».

O resultado da agressão ao Iraque em 2003 e a espiral de guerra que desencadeou, na sequência da «Guerra do Golfo» de 1991 e de dez anos de imposição de criminosas sanções e ataques à soberania do Iraque, foram milhões de mortos, feridos, desalojados e refugiados.

Um dos países mais desenvolvidos no Médio Oriente, que ao longo de décadas vinha consolidando um regime não confessional, viu a guerra e as sanções destruírem as suas infra-estruturas e economia, com consequências devastadoras para a sua população.

Entretanto, nenhum dos responsáveis pela destruição e ocupação do Iraque ou pelos crimes associados, nomeadamente as torturas nas prisões dos EUA, foi chamado a responder pelos seus crimes. A propósito, importa recordar as declarações da ex-secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, quando afirmou que a morte de meio milhão de crianças iraquianas como resultado das sanções, então em vigor, «valeu a pena». Leia o resto aqui.

Bispo de Beja retrata-se das afirmações que fez

Zé LG, 12.03.23

202103290854026584.jpgD.João Marcos retrata-se das suas anteriores palavras, dizendo que “dei a entender que subestimo a enorme gravidade dos abusos sexuais de menores e que o perdão de Deus permite ao abusador retomar a sua vida normal como se nada tivesse acontecido” e acrescentando que “Compreendo a deceção que provoquei dentro e fora da Igreja e a todos peço perdão”.

Face à controvérsia das suas palavras o Bispo entendeu clarificar o seu pensamento, reconhecendo que “os abusos de menores são da máxima gravidade, os seus efeitos devastadores e se praticados por homens dedicados a Deus, são ainda mais graves e são uma blasfémia”, defendendo agora que “não há lugar para os abusadores no sacerdócio e que as suspeitas verosímeis obrigam a tomar medidas que evitem todo o perigo sobre os membros, incluindo o afastamento das tarefas pastorais”.

Não lhes perdoai Senhor, porque eles sabem o que fazem

Zé LG, 10.03.23

“… a resposta da hierarquia da Igreja Católica Portuguesa conseguiu ser ainda mais revoltante do que os relatos das vítimas, que tanto chocaram o País. Até porque não foi uma resposta a quente. Muito pelo contrário: foi ponderada e refletida, porventura friamente, durante três semanas. Com o resultado a que se assistiu: perante a vergonha que atravessou a Igreja, … a Conferência Episcopal respondeu com a mais completa falta de… vergonha. … Os crimes são demasiado graves para continuarem a serem ignorados. … os casos só foram conhecidos devido ao trabalho de jornalistas ou de ... comissões indepententes – quase nunca por iniciativa dos bispos. É preciso que esta autêntica tragédia deixe de ser tratada como se fosse um assunto interno da Igreja… Chegou a hora do Estado - laico, agir”, escreveu Rui Tavares Guedes (RTG), esta semana na VISÃO.

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Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "foi uma desilusão a posição da Conferência Episcopal", considerando que foi tardia e "ficou aquém em todos os pontos que eram importantes. Como Presidente da República a expectativa que havia era tão simples: era ser rápido, assumir a responsabilidade, tomar medidas preventivas e aceitar a reparação. E de repente é tudo ao contrário, em termos gerais, ou cada um para seu lado", lamentou.

Não basta ao PR mostrar as suas frustações e lamentar-se perante tragédia e esta falta de vergonha da maioria dos bispos. É preciso o Estado agir. O que vai o PR, Marcelo Rebelo de Sousa, fazer perante a indecosa resposta da Comissão Episcopal e responsabilizar os bispos por nada fazerem e ca não ser dar cobertura aos que cometeram os crimes, mantendo-os em funções. Ou essa cobertura, só por, si, não é um crime?

“tolerância zero” para com abusadores e ocultadores deixando-os “à solta”?

Zé LG, 06.03.23

Sem nome (10).pngReuniu a Conferência Episcopal, mais de um ano depois de criada a Comissão Independente para estudar realidade dos abusos sexuais de crianças no seio da Igreja Católica e 20 dias após a entrega do relatório desta. Tempo manifestamente insuficiente para os bispos assimilarem a gravidade da situação.

O comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa devia envergonhar quem o fez. Pede perdão mas não mostra arrependimento. Reafirma o “propósito de tudo fazer para que os abusos não se voltem a repetir” mas não toma o primeiro passo para que tal aconteça – a suspenção dos suspeitos e dos ocultadores. Manifesta ““tolerância zero” para com todos os abusadores e para com aqueles que, de alguma forma, ocultaram os abusos praticados dentro da Igreja Católica” e mantêm-os em funções. E, cereja no topo do bolo, vai realizar “um memorial no decorrer da Jornada Mundial da Juventude”... 

Porque se mantém a Igreja Católica pedófilos em funções?

Zé LG, 22.02.23

Banner-Lopes-Guerreiro-300x286.jpgHá uma semana atrás, Portugal foi confrontado com o relatório da Comissão Independente sobre os Abusos Sexuais na Igreja Católica no nosso país – cerca de 5 mil casos de abusos sexuais praticados nas últimas décadas, a esmagadora maioria contra crianças, na maioria dos casos à guarda de instituições da Igreja Católica e nas suas próprias instalações.

Nada que não se soubesse ou não se suspeitasse. Mas, muitos de nós, preferimos fingir que desconhecemos os podres da sociedade e então quando se trata de uma instituição tão poderosa e com tanta influência como a Igreja Católica quase ninguém se atreve a falar… Mais grave ainda foi a postura de alguns bispos e outros altos dignitários da Igreja Católica que tudo fizeram para, numa primeira fase, impedir a criação daquela Comissão Independente e, depois, o seu trabalho de recolha de informação. E, depois dos resultados conhecidos, ainda há os que não se inibem de publicamente afirmarem que fizeram mal em abrir a caixa de pandora, porque agora será muito difícil fazer o controlo de danos, não das vítimas, mas da Igreja Católica e dos que, em seu nome, praticaram crimes tão hediondos…

 

 

“Deixai vir a mim as criancinhas” não significa dispor dos filhos dos outros

Zé LG, 20.02.23

image_2023-02-18_12-42-07.jpg“Deixai vir a mim as criancinhas”, a frase de Cristo, não significa dispor dos filhos dos outros para satisfação das frustrações sexuais de homens castrados da sua natureza por imposição de fé. ...

O que esses predadores de Cristo andaram a fazer aos filhos de outras mulheres e homens ao longo de décadas e séculos, nos seminários, colégios, retiros e paróquias, está muito para além da capacidade de perdão. Eu olho para a cara de muitos destes bispos e percebo que eles não entendem ou não querem entender, apenas querem apagar a memória da ignomínia — o que é diferente de exterminar a raiz do mal. E é por isso que tantos não aceitam e não cumprem as directrizes do Papa Francisco.                                                                                         (Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 17/02/2023), aqui.

Igreja Católica espera que tudo se resolverá com o esquecimento, uns pais-nossos e umas ave-marias

Zé LG, 19.02.23

incendio-relatorio-abusos-sexuais-igreja-24-scaled.jpgE a resposta da Igreja era banal e burocrática: sim, pediam “perdão a todas as vítimas” e não há “lugar na Igreja para os abusadores”. Mas sobre indemnizações às vítimas, nada; sobre as responsabilidades dos bispos encobridores, nada; sobre a entrega à justiça ou, ao menos, o afastamento dos suspeitos ainda no activo, logo se irá ver, há procedimentos próprios da cúria a respeitar.

Ou seja, e tudo posto a nu, a hierarquia da nossa Igreja Católica confia em que, assente a poeira mediática e prescritos quase todos os crimes, tudo se resolverá com o esquecimento, uns pais-nossos e umas ave-marias e, ironia das coisas, um gigantesco espaço de confissões na próxima Jornada Mundial da Juventude, em que os pecadores serão os jovens e o perdão será concedido pelos padres. (Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 17/02/2023), aqui.

Porque recusou o bispo de Beja falar das situações de abuso na diocese?

Zé LG, 14.02.23

202103290854026584.jpgNa diocese de Beja, onde foram relatadas cinco situações de abuso, o bispo D. João Marcos, de acordo com o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja, ignorou os contactos. A diocese de Beja foi uma das duas que não responderam aos pedidos de colaboração daquela Comissão.

Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja Católica se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

É a Igreja Católica que também está em causa

Zé LG, 13.02.23

Igreja.pngNão há volta a dar-lhe, por mais que isso custe aos católicos. Não se trata de um ou outro caso, são milhares! Não se trata de um ou outro sacerdote doente. São milhares a terem um comportamento nos antípodas do que professam e servindo-se da sua posição na Igreja. Os dados apontam para um padrão de comportamento muito generalizado e com a complacência e a cobertura da hierarquia da Igreja Católica, que não pode ficar pelo pedido de perdão às vítimas. Tem de ser responsabilizada pelos danos causados por tantos dos seus representantes. Os dados são bem reveladores do nível de criminalidade à solta na Igreja Católica portuguesa, contra crianças, quase sempre, à sua guarda. É hediondo!

Ao contrário do que alguns responsáveis da Igreja Católica vieram afirmar, deve a Igreja Católica aproveitar a Jornada Mundial da Juventude para reflectir e debater se é esta Igreja que os jovem querem? Não devem desperdiçar esta oportunidade, deitando para debaixo do tapete uma situação tão criminosa, porque é demasiado monstruosa para ser assim escondida...