"O professor desiludiu–me"
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O professor desiludiu–me. A boa imagem que tinha de si desvaneceu-se completamente. Por isso, ficarei muito satisfeito quando deixar de ser ministro, mas manter-me-ei, ainda assim, muito preocupado por saber que continuará a ser professor. É que lhe falta visão. E não, não me refiro ao tipo de visão que limita o Diogo. Refiro-me a uma aptidão que todos os professores (que todo os Homens) deveriam ter - a capacidade de olhar para dentro de outro Ser Humano e ver.
O professor tinha a obrigação de perceber que (antes de todos os outros alunos) os “Diogos” têm direito a uma escola, a educação, a um país a sério, que os potencie enquanto cidadãos na sua plenitude. Envergonha-me viver num país que admite professores (quanto mais governantes) sem a capacidade de compreender que a deficiência é, sobretudo, uma construção social.
Sei agora que o professor não percebe do que falo. Sei que não consegue ver que o mérito académico não pode ser o único critério de progressão social, em prejuízo do valor dos atos, das ideias e dos sentimentos das pessoas.
Deixo-o, por isso, com a sua meritocracia cega..."
Leia oda a Crónica de Opinião de Marcos Aguiar em: