Não, não ficou tudo na mesma!... Ficou pior!
Logo que surgiu a pandemia, muitas foram as vozes que se fizeram ouvir a garantir que nada iria ficar na mesma. À medida que a pandemia avançou e assustou mais, passámos a ouvir elogios, não só aos trabalhadores da Saúde, que foram catalogados de heróis, mas também a todos os que asseguravam que a vida continuasse, com referência a profissões tantas vezes ignoradas ou subestimadas como as ligadas à agricultura e à produção e distribuição de bens essenciais, que tiveram de continuar a trabalhar na mesma.
Chegados agora à fase em que parece estar a ser controlada a pandemia, os “heróis” ficaram com o título e continuaram com os problemas que os afecta(v)am. Os outros trabalhadores de áreas essenciais – para além dos já citados, os que produziram as vacinas e todos os produtos usados no combate à Covid-19) e tantos outros -, que durante um curto período inicial viram ser-lhes reconhecida a sua importância, voltaram a cair no esquecimento e a ver os meses a crescerem e os ordenados a minguarem.
Entretanto, as estatísticas mostram como grandes empresas, algumas apoiadas pelos Estados, multiplicaram os lucros e concentram a riqueza e as dificuldades dos trabalhadores, desempregados, reformados e pequenos empresários se acentuaram. Há mesmo empresas e outras entidades empregadoras que, à pala da pandemia – mesmo que esta não as tenha afectado -, estão a tentar retirar mais direitos aos trabalhadores…
Ou seja, efectivamente não está a ficar tudo na mesma à medida que caminhamos para o fim da pandemia. Está a ficar muito pior… porque, ao contrário do que se admitia, não foi por termos sido “todos metidos no mesmo barco” que a natureza humana evidenciou os seus aspectos mais positivos. Antes pelo contrário, a de alguns, designadamente dos têm mais poderes, está a evidenciar o que de pior tem...