"é proibido sequer pensar"
"Sei bem que somos um pequeno país cuja voz vale o que vale. Mas se, apesar de pequenos, servimos para enviar tanques e aviões para a guerra, também servimos para perguntar até quando é que teremos de pagar por ela, enquanto vemos os fabricantes de armas a fazerem fortunas, a economia americana a prosperar enquanto a Europa definha e se ajoelha, a Ucrânia a ser destruída paulatinamente, o combate às alterações climáticas a retroceder anos e os ignorante úteis ou fingindo-se de tal a proclamar que não há outro caminho senão continuar a guerra indefinidamente.
Ao prestar-se a enviar os Leopard para a Ucrânia - e, logo depois, os F-16 e o mais que Zelensky exigir, até às armas nucleares -, António Costa não pode deixar de estar consciente da contribuição, ainda que relativamente pequena, que Portugal está a dar para a escalada da guerra e a sua continuação sem fim à vista. Assim, é hipócrita queixar-se mais da guerra: podia era meditar no exemplo do seu amigo Lula da Silva, que, solicitado a enviar também tanques para Zelensky, ofereceu-se antes para fazer parte de um grupo para mediar a paz. Mas isso é tudo o que por aqui, na Europa, é proibido sequer pensar: é o novo TINA (There Is No Alternative).»" Miguel Sousa Tavares, daqui.