DEVER CUMPRIDO, O QUE SENTI HÁ DEZ ANOS
Com este título transcrevi aqui, há dez anos, um texto que publiquei na revista Mais Alentejo e que pela sua actualidade volto a publicar a conclusão:
Escolher pessoas é sempre difícil e complexo dada a natureza humana.
Mas, há muito que defendo isto, os processos usados nem sempre são os mais correctos. Por vezes, em vez de critérios rigorosos, da frontalidade e clareza que deveriam ser usados na avaliação dos quadros, opta-se por critérios baseados no "diz-se", no "consta", no "parece", ou seja, no "emprenhar pelos ouvidos".
É por isso que surgem cada vez mais "trepadeiras", ou seja, "os que se põem a jeito", os que estão sempre de acordo com tudo e com todos, principalmente com os "chefes"... E estes gostam disso e assim se vão enterrando e às organizações que lideram...
Nunca deixei de fazer o que achei que devia fazer para ganhar simpatias ou votos. Sempre defendi as minhas razões até me demonstrarem que não as tinha. Não me calo nem dou a razão a outros só para fazer jeito ou daí tirar proveito. Não tenho feitio fácil mas procuro ser íntegro.
Não sinto mágoa nem revolta por não ser candidato às próximas eleições autárquicas. Estou consciente do dever cumprido e isso dá-me uma grande tranquilidade e paz de espírito.
É tempo de outros prosseguirem e melhorarem o trabalho que tenho desenvolvido, quer a nível partidário quer a nível autárquico. Uma certa moderação numa intervenção política intensa como a que tenho tido há trinta anos permitir-me-á, espero, uma reflexão menos apaixonada e mais racional da actividade política.