de “até ao último ucraniano” para “até ao último europeu de bem”?
«Está bem de ver que a alteração da política externa norte-americana - com Donald Trump a suspender o apoio à Ucrânia e a insistir em negociações numa altura em que os avanços russos se tornam indesmentíveis - está na raiz da viragem armamentista. Desde o início, porém, que mentes mais pragmáticas - ... - vinham avisando que o optimismo de Ursula von der Leyen - ... - talvez fosse exagerado. O que não deixa de me surpreender é como alguém que se enganou tanto e tão tragicamente continue responsável por delinear a estratégia futura que, desta vez, sim!, levará ao colapso da Federação Russa... O mantra dominante - ... - é que ou nós vencemos os russos ou os russos vencem-nos a nós. No solo ucraniano não estariam em causa a independência e integridade do país, mas da liberdade e democracia europeias. Não fica claro como, após mais de três anos de guerra substancialmente apoiada pelos EUA, os russos não foram vencidos, sendo agora, com o exército europeu imaginado por Macron, os 800 mil milhões orçamentados no ReArm e com Trump fora de cena, que a vitória estaria assegurada mais tarde ou mais cedo. Passaríamos de “até ao último ucraniano” para “até ao último europeu de bem”? ...
Se a presidente da Comissão Europeia nos garante que a Rússia “é uma ameaça existencial” que temos de vencer até à morte, já a Emmanuel Todd (...) a vitória da Rússia na Ucrânia não só lhe parece assegurada como vir, por arrasto, acelerar a decadência europeia.» Ana Cristina Leonardo, no Ipsilon / Público de 14.03.2025, aqui.