Corremos o risco de normalizar o que de mais podre existe na política
Mais do que a TAP estar a apodrecer o governo, as audições na Comissão Parlamentar sobre a sua gestão estão a mostrar como o PS se sente o dono disto tudo. A forma leviana, insensata, quase infantil como membros do governo se relacionaram com a Administração da TAP e trataram de assuntos de enorme responsabilidade duma empresa desta dimensão e com impacto mediático e na economia nacional revela bem o sentido de Estado, a responsabilidade, a maturidade e a capacidadede gerir a coisa pública de muitos dos que nos (des)governam.
Confundir o Estado com partido não é próprio da democracia. Gerir a coisa pública como o seu quintal, confundir o interesse público com os seus intereses ou os do seu partido é inaceitável. Se o que está a ser revelado no caso da TAP se passou numa empresa estratégica para o país, imagine-se o que se passa em tantas outras e em tantoas outras entidades. Nada que não se soubesse, mas agora está a ser exposto em toda a sua plenitude. É uma vergonha! Só quem não tem um pingo dela pode ainda tentar passar por entre os pingos da chuva, como se nada se passasse ou nada tivesse a ver com isso. Mas, se não têm vergonha e não são capazes de tirar as devidas consequências dos graves actos que praticaram ou praticam, têm de ser postos nos seus lugares, ou seja, na rua. E, ou o primeiro-ministro toma medidas rápidas - se ainda for a tempo -, ou o Presidente da República as tem de tomar, porque está em causa o normal funcionamento das instituições, que não pode ser este. Ou corremos o risco de normalizar o que de mais podre existe na política.