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Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

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Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

A política está a chegar quase ao grau zero da decência

Zé LG, 05.04.23

Banner-Lopes-Guerreiro-300x286.jpgÀs vezes parece que não aprendemos nada, que em vez de evoluirmos regredimos.

É verdade que vivemos quase meio século em ditadura. Mas também já vivemos há quase meio século em democracia. Apesar de existirem outras democracias muito mais velhas do que a nossa, referir-nos a este período como uma jovem democracia já começa a soar mal, uma vez que mais de metade da população já nasceu com ela, já não conheceu directamete a ditadura, nasceu e viveu sempre em democracia.

 

Alguém disse um dia que “a democracia é o pior regime depois de todos os outros”. E assim parece ser até que seja inventado outro melhor, o que ainda não aconteceu, apesar de várias tentativas, sempre com piores resultados. Mas ninguém disse ainda que a democracia era um regime perfeito e acabado. Talvez o melhor atributo que que possa atribuir à democracia é a sua capacidade de regeneração, que exige atenção ao que falha ou vai deixando de dar respostas adequadas e encontrar nossas formulações e respostas às novas questões que os novos tempos vão colocando.

A democracia afirma-se tanto mais quanto mais se desenvolverem a educação, a cultura, o civismo e a civilidade, e, principalmente, o respeito pelos outros, na diferença e na diversidade.

A Política, para ser reconhecida como a actividade mais nobre do ser humano, tem de ter como primeiro e último objectivo servir o interesse público em geral e as pessoas em particular, tratando-as de igual forma, com respeito pela diferença e pela diversidade que as caracteriza.

Infelizmente, nem sempre e parece, muitas vezes, que cada vez menos é isso o que caracteriza a política que é feita aos vários níveis. Em vez de procurarem servir o interesse público e as pessoas, o que assistimos, com cada vez mais frequência, é aos políticos procurarem servir os seus interesses, os dos seus partidos e de familiares e amigos ou de entidades de que podem obter ou vir a obter compensações.

Importa dizer que nem todos agem assim e, em minha opinião, a maioria ainda tem uma visão e procura ter uma prática em consonância com a Política entendida como a actividade mais nobre do ser humano. Mas não são estes, que não fazem mais do que o seu dever, mas sim os outros, que exercem esta actividade de forma egocêntrica e egoísta, por subverterem o conceito e a prática, que devem merecer o nosso escrutínio, crítica e julgamento.

Porque vivemos numa sociedade da informação, embora nem sempre entendida e utilizada esta da melhor forma, somos quase todos os dias confrontados com políticas, legislação, medidas e comportamentos que não indiciam procurarem servir o interesse público e das pessoas, mas sim pô-los ainda mais em causa e gerar mais dificuldades para a maioria e em benefício dos mesmos de sempre.

Não pretendendo tratar de tudo neste espaço, porque o tempo não o permite, gostava de chamar a atenção apenas para a forma como os políticos, em especial os com funções públicas, se relacionam entre si e com os cidadãos em geral. Parecem viver enclausulados nos seus partidos, encarando os dos outros partidos como adversários ou, pior ainda, como inimigos, como se todos não devessem servir o interesse público e as pessoas. Naturalmente com visões diferentes, que deveriam ser bem vistas como forma de encontrar as melhores soluções. Em vez disso, tudo o que é proposto ou decidido por qualquer partido é de imediato contestado pelos restantes, com todo o tipo de acrimónia, em vez de ser apreciado na tentativa de verificar o que tem de positivo e pode ser consensualizado. Temos muito ainda a aprender com outras democracias em que os compromissos e acordos interpartidários fazem parte do quotidiano político.

Quero ainda chamar a atenção para a informação que constitui um dever para quem governa e um direito dos cidadãos. Em vez disso, assistimos, com demasiada frequência, ao uso da informação como propaganda por parte de quem governa, que a usa para divulgar, valorizando, o que de positivo faz e se “esquece” de informar, esclarecendo, o que não faz e porque não faz.

Já é tempo de aprendermos mais, para mais e mais depressa podermos evoluir.

Até para a semana!

Pode ouvir aqui.

 

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