“O papel do comentador político: entre a análise e a propaganda”
«A política vive, cada vez mais, sob o olhar atento e constante da comunicação social. O debate político, que deveria ser o espaço de confronto de ideias, tende a ser obscurecido não apenas pelos próprios protagonistas, mas também por quem, fora do palco, deveria contribuir para uma leitura informada e plural dos acontecimentos: os comentadores. … A diversidade de opiniões é parte essencial da democracia. Contudo, essa liberdade traz consigo uma responsabilidade: a de não distorcer factos, nem fazer da análise um palco para preconceitos ou ataques gratuitos. ... Os comentadores políticos não são meros espetadores: são mediadores da interpretação pública. ... devem pautar-se por rigor, correção e, acima de tudo, honestidade intelectual. O contrário disso - o comentário inflamado, superficial, ou ideologicamente cego - degrada a qualidade do debate democrático e transforma os media em trincheiras ideológicas. É legítimo que cada um tenha as suas convicções. A isenção absoluta talvez seja um ideal inalcançável. Mas o compromisso com a verdade, esse, é inegociável.
No caso em apreço, não está em causa apenas uma má análise. Está em causa uma cultura mediática que confunde opinião com espetáculo, crítica com caricatura, e que transforma figuras públicas em instrumentos de agenda política, em vez de promotores do diálogo democrático. ...» Alberto Carvalho, aqui.