«Lá vai, mais uma vez, a CGTP fazer uma marcha/manifestação, embora não seja de Stº António, não deixa de ser folclore. Nenhum leitor lamentará mais ao ler estas palavras do que a raiva/dor que tenho ao escrevê-las.
As palavras assim ditas tornaram-se surdas, sei-o porque participei em muitas, e doeu-me ao descobrir esta verdade.
O "abaixamento do custo de vida, e o ataque aos direitos" não se consegue com manifestações, já não, conquista-se nos locais de trabalho, nos Centros de Desemprego, junto dos jovens desiludidos que passam pela vida invisíveis. É com esses que manteremos e aumentaremos o que conquistamos.
O Governo dos Capitalistas, seja ele social-democrata, conservador, ou fascista, dizem para eles mesmos - deixai-os gritar, lavam a "consciência" e desopilam o fígado.
Foi a esta situação que os Partidos de Esquerda (Nota - o PS é a esquerda da Direita) e nós, os sem Partido, mas de Esquerda, nos deixamos chegar, ao aceitar o falseado jogo eleitoral da Democracia (Ditadura) Burguesa (Capitalista).
Com tristeza
Zé Onofre 15.10.2022», aqui.
Este texto parece-me de grande pertinência e oportunidade por traduzir a desilusão de muitas pessoas, que acreditaram que pelas “portas que Abril abriu” pudesse fazer-se a caminhada que gerasse e consolidasse uma Democracia que, para além de política, fosse também económica, social e cultural e respeitadora do ambiente. E agora sentem-se revoltadas por constatarem que, quase meio século depois do 25 de Abril e depois de tantas lutas, a Democracia política se tem degradado, devido às inúmeras promessas não cumpridas, e as restantes componentes estarem a regredir no pouco que avançaram.
Esta situação é tão gritante que até o comentador-mor da República veio a terreiro reconhecer isto mesmo. Palavras importantes e oportunas que logo o vento levou na enxurrada de declarações/comentários que fez e que, intencionalmente ou não, fizeram esquecer aquelas que deveriam ter merecido a atenção e debate dos agentes políticos.