A fulanização da vida
política e das comunidades é redutora. Repudiar uma ideia, recusar uma sugestão ou uma proposta, rejeitar uma crítica apenas porque foram expressas por alguém de quem não se gosta ou que não merece crédito reduz a capacidade crítica e de intervenção. É redutora do ser humano e da colectividade.
Importa ter presente que os reclusos também votam. Apesar de criminosos é-lhes reconhecido o direito de escolherem os responsáveis dos órgãos do Estado e das autarquias locais. Então por que não reconhecer e aceitar que eles e outros que nem sequer cometeram qualquer crime, apesar de poderem não merecer crédito, podem ter boas ideias, apresentar boas sugestões ou propostas e fazer críticas pertinentes?
A excessiva fulanização da vida política e das comunidades dificulta a apreciação do essencial e subverte a reflexão e o debate político.