Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

Como dizia a amiga do meu amigo

Zé LG, 21.07.08

A pobreza em Portugal, apesar da satisfação de Sócrates em afirmar que desceu de 20% para 18%, continua a ser um grande flagelo, que a todos os responsáveis políticos e económicos do país deve envergonhar.

Ela é tanto mais grave e preocupante na medida em que, para além dos idosos e das crianças, mais de um terço dos pobres são trabalhadores, como revela um estudo coordenado pelo Professor Bruto da Costa.

Isso é bem revelador de que não bastam os paliativos das chamadas políticas sociais, são necessárias medidas estruturais ao nível da redistribuição da riqueza, reduzindo de forma significativa as desigualdades sociais.

As últimas sondagens mostram que os portugueses já não acreditam neste governo nem no primeiro-ministro, a quem não reconhecem honestidade.

Apesar disso, insistem em dar nova oportunidade ao partido que o suporta por não acreditarem em que haja alternativas melhores.

Aos partidos da direita, alternantes do PS no governo, por mais que mudem de líderes, não lhe reconhecem capacidade para fazer melhor.

Aos partidos da esquerda, apesar de lhe reconhecerem o benefício da sua intervenção, nas instituições e na rua, não lhe concedem o benefício da dúvida para demonstrarem que são capazes de melhorar o que tanto criticam.

Ou seja, os portugueses não conseguem libertar-se do fatalismo, que tão bem os caracteriza.

Acham e sentem que estão mal, não reconhecem ao PS e a José Sócrates competência para resolverem os problemas do país, mas têm medo de mudar, de experimentar políticas e governos alternativos.

Este retrato do Povo que somos fez-me lembrar uma história que um amigo meu me conta, com frequência, a propósito da necessidade de mudança.

Uma amiga sua, que estava farta do namorado, disse-lhe um dia que qualquer outro seria sempre preferível ao actual, mesmo que fosse pior, porque assim sempre mudava, sempre experimentava algo diferente.

Julgo que é deste espírito de aventura e de desejo de mudança que os portugueses estão a precisar, não nos esquecendo que ao Cabo das Tormentas também se chamou Cabo da Boa Esperança.

E esta, a boa esperança, não se alcança insistindo em “mais do mesmo”, em alternâncias em que já se confunde o original com a cópia.

Insistindo nesse caminho não passaremos o Cabo das Tormentas, em que a pobreza, que atrás referimos, é apenas um indicador, não o único mas acompanhado de muitos outros da real situação em que nos encontramos.

Importa, face à situação tão má a que os partidos que têm ocupado o poder há mais de trinta anos conduziram o país, combater o fatalismo, ter esperança e acreditar em que é possível um futuro melhor.

Para manter a esperança num futuro melhor torna-se necessário experimentar novas políticas e novos protagonistas, como dizia a amiga do meu amigo, uma vez que os outros já mostraram à saciedade que não são capazes de dobrar o Cabo das Tormentas.

 

Lido na Rádio Terra Mãe, em 16.07.2008.

 

2 comentários

  • Imagem de perfil

    Zé LG 23.07.2008

    A questão, à esquerda, é efectivamente essa.
  • Comentar:

    Mais

    Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

    Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.