A febre consumista
Saí de casa para ir a uma das grandes superfícies comprar umas roupas, aproveitando os descontos publicitados.
Quando cheguei e vi o parque de estacionamento cheio comecei a arrepender-me da decisão de ir às compras. Mas uma vez que estava ali decidi entrar, mas já com pouca convicção. Entrei, dei uma volta e quase já não olhei para as coisas e saí.
Resolvi dar mais uma volta pelas outras secções. Em cada uma que entrei pareceu-me estar mais gente do que na anterior.
Rapidamente voltei a casa, pensando na experiência. E concluí que naturalmente rejeito o consumismo e não gosto de ajuntamentos / multidões.
É evidente que a maioria das pessoas vai às compras nestas alturas, porque é quando tem oportunidade e na procura de preços mais baixos, que lhes permita comprar o que noutras condições não pode.
Mas será que, mesmo assim, não se compra muita coisa só por comprar? Já não falo do essencial, mesmo do que não o sendo se gosta de ter ou de oferecer porque tem alguma utilidade. Não se compra muita coisa por comprar, para arrumar e não usar ou deitar fora numa próxima arrumação?
Se em vez destes rituais, nestas épocas pré-determinadas, comprássemos apenas quando temos necessidade ou, mesmo, nos dá prazer ter ou oferecer não pouparíamos um bocado e não evitaríamos o desperdício?
Talvez um dos aspectos positivos da austeridade que nos estão a impor seja o refreamento desta febre consumista. Talvez ela nos ajude a fazer uma mais adequada avaliação das necessidades e dos valores. Talvez passemos a valorizar mais o ser do que o ter, o que não deixará de ser uma ironia deste destino que nos estão a determinar…