Nem elefante branco nem cisne resplandecente
Gritou-se “mais um elefante branco!”, mais dinheiro público enterrado em obras sem sentido, eis porque estão as finanças lusas num estado lamentável. Coincidiu o encerramento do aeroporto com a fase inicial do Governo de Passos Coelho e com as diatribes contra o despesismo, público, putativo pai e mãe de todos os males da pátria lusa.
Agora, no preciso momento em que, a austeridade pela austeridade se revela um beco sem saída e a popularidade do Governo cai a pique, descobre-se que, afinal, a pista de Beja tem utilidade: as grandes companhias mundiais de logística precisam de pistas longas, situadas em zonas pouco povoadas e onde possam operar 24 horas por dia. Nesta perspetiva, Beja deixou de ser um elefante branco para se metamorfosear num cisne resplandecente.
Afinal havia aeroporto...
É assim que termina um texto de Rui Cardoso, intitulado “Era uma vez um aeroporto”, publicado aqui.
Ora, a mim parece-me que o Aeroporto de Beja não é um elefante branco, como uns gostariam, nem é um cisne resplandecente, como outros gostam de imaginar. É apenas um terminal aeronáutico, construído com um pequeno investimento, que permite aproveitar as excelentes pistas da Base Aérea e viabilizar a instalação de empresas do ramo aeronáutico. Se formos um pouco mais contidos nas manias de grandezas, talvez as nossas expetativas não saiam frustradas.