«… a nível regional e local, também não faltam exemplos de atitudes de desvalorização da participação dos cidadãos na vida das suas comunidades. Desde logo, o modo como são tratados os movimentos de cidadãos que lutam por certos direitos, ... “Alarido” e “gritaria” são apenas dois dos epítetos atribuídos por alguma partidocracia a essas lutas ...
..., embora se fale na falta de “massa crítica” na região, acontece com alguma frequência (...) que, em períodos pré-eleitorais autárquicos, se convidem alguns cidadãos ligados a determinadas áreas – ... – para debates abertos à sociedade, ... Só que, passado o período eleitoral e instalados os eleitos locais, estes assumam uma postura oposta a essa abertura manifestada alguns meses antes, ignorando contribuições e ideias desses mesmos cidadãos, como se fossem autossuficientes ou lhes bastasse ouvir os seus correligionários políticos.
E que dizer do ostracismo a que foi votado um dos primeiros (e poucos) conselhos municipais da Cultura, precisamente o que foi aprovado em Beja em 2008? ..., foi pura e simplesmente metido na gaveta pelos três executivos municipais que se seguiram. Neste momento, nem o seu regulamento consta no site da CM Beja. ...
Mais haveria para dizer sobre a questão da participação dos cidadãos na vida da sua polis, mas pelo que atrás se referiu, uma das premissas para que tal aconteça é o fim da desconfiança e até hostilização com que muitos desses cidadãos são encarados, a maior parte das vezes porque algumas das suas opiniões não coincidem, em determinados momentos e sobre determinados temas, com as dos políticos instalados. ...» José Filipe Murteira, no seu Notas à Esquerda.