A CULPA DA PROLIFERAÇÃO DE FESTAS É DA UNIÃO EUROPEIA?!
De vez em quando, há quem desenvolva teorias abstrusas, que divulga como se de verdades indesmentíveis se tratassem.
Há umas semanas atrás, li incrédulo um texto que dizia, mais ou menos, que as câmaras municipais estão condenadas a fazer festas e festarolas porque o Programa 2020 tem dinheiro à farta para isso. Ou, seja – seguindo esta teoria à letra -, as câmaras municipais não abusam das festas porque querem “com festas e bolos enganar os tolos”, mas porque têm à disposição fundos comunitários, que não aproveitam se não gastarem nelas.
Ora, as coisas não são bem assim. Primeiro, porque os fundos comunitários não foram disponibilizados para festas porque os tontos da Comissão Europeia assim o entenderam, mas porque foram reclamados pelos beneficiários (governo, autarquias e outros) e inscritos no PDR. Segundo, porque os programas podem ser revistos e se não houvesse interesse nas festas e festarolas o dinheiro poderia ser canalizado para outros investimentos. Terceiro, porque por maior que seja a comparticipação comunitária há sempre uma fatia que é suportada pelos orçamentos dos promotores. Quarto e talvez mais importante, muitas das festas e festarolas têm enquadramento muito duvidoso nos programas que as financiam, porque o retorno das mesmas é praticamente nulo, pelo impacto que (não) têm na valorização do património, na dinamização da economia local e na atração turística.
Ou seja, as autarquias que gastam muito dinheiro em festas e festarolas fazem-no por opção e não porque a isso sejam obrigadas. Era bom que assumissem essa opção, que é legítima mas também muito discutível.