Que um homem já começa a não aguentar com tanta sacanice à solta!
1.
A greve geral de dia 24 de Novembro, em Portugal, constituiu uma das mais belas manifestações de cidadania: uma das expressões de luta e participação universais do ser humano que lhe tem permitido evoluir na já longa caminhada de 200.000 anos desde a sua emergência em África.
O que de melhor e mais sincero há em Portugal, os homens e as mulheres que têm a dignidade e a coragem de se assumir, em defesa dos seus legítimos interesses, dos interesses dos que por alguma razão não querem ou não podem participar, dos interesses de Portugal, estiveram envolvidos na greve geral.
Pela segunda vez na história da democracia portuguesa, com génese na Revolução de Abril de 1974, desvirtuada com o golpe do 25 de Novembro de 1975 (que conduziria à desgraçada situação em que nos encontramos), assistimos a uma muita larga unidade dos trabalhadores (do operário ao magistrado, do professor ao médico) e dos seus sindicatos, o que não deixa de ser motivo de orgulho e de esperança para todos os que não querem voltar a tempos de indignidade, que ventos ruins anunciam por toda a Europa.
2.
Os principais órgãos de comunicação social, da televisão aos jornais (Público, Diário de Notícias, Correio da Manhã, I, e outros) às revistas (Visão e outras) trataram nas primeiras páginas e de forma destacada a questão da greve, independentemente do posicionamento que sobre ela tenham proprietários, editores e jornalistas.
A comunicação social em Espanha e noutros países da Europa trataram o assunto com a elevação e o respeito a que os trabalhadores de um país têm direito por parte de uma mentalidade democrática e minimamente culta, com uma visão universal da vida e das sociedades humanas, dando-lhe significativo destaque e atribuindo-lhe um significado importante no actual contexto nacional e internacional.
Contexto em que os países e os povos se debatem contra a ganância, a corrupção e a desumanidade dos especuladores financeiros de toda a ordem, do famoso mercado capitalista (bancos, seguradoras, bolsas, multinacionais, ou instituições internacionais do capitalismo, como o FMI)
3.
Vivo e sou de Évora e, apesar de não me surpreender, não deixou de me indignar que o único jornal diário da cidade, o Diário do Sul, nem no dia da greve geral, nem no dia seguinte, tenha uma linha sequer sobre a greve geral e os seus nobres objectivos!
Merece reflexão a atitude bossal, provinciana (querer tapar o sol com uma peneira…) e carente de cultura de quem no Diário do Sul ordenou um tal acto de censura e escamoteamento de um acontecimento de inegável interesse jornalístico, como de inegável interesse regional, nacional e internacional.
Que não tenham pena os trabalhadores de Évora e do Alentejo, onde a greve teve expressões bem significativas: participaram com dignidade e coragem num acto cívico em defesa dos interesses nacionais e da dignidade humana.
A todos as minhas mais calorosas felicitações de cidadão desta bela região, deste belo país, deste belo mundo, que são o nosso Alentejo, o nosso Portugal, o nosso Planeta Terra!
António Murteira - Cidadão. Autor.
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