O que seria de nós sem Cavaco Silva?
Cavaco Silva desfez mais um dos seus tabus ao anunciar aquilo que já toda a gente sabia há muito tempo, que se vai recandidatar à Presidência da República.
E fê-lo apesar de não ter conseguido aquilo por que se tem batido tanto nos últimos tempos, o entendimento do PS com o PSD para a aprovação do pior e mais grave Orçamento de Estado da história democrática do nosso país, mostrando assim que a sua “magistratura de influência” não é tão eficaz como gosta de proclamar.
Cavaco Silva justificou a sua candidatura de há cinco anos com o imperativo que sentiu de colocar a sua condição de economista experimentado e conhecedor ao serviço do país para ultrapassar a grave situação em que este se encontrava.
Agora, voltou a justificar a sua recandidatura com mesmo argumento: "Com a minha experiência e os meus conhecimentos posso ajudar o país a encontrar um rumo de futuro e vencer as dificuldades com que está confrontado". "Sei que posso ser útil a Portugal e aos portugueses, move-me a consciência da gravidade dos problemas que temos pela frente".
E porque percebeu que seria facilmente apanhado na contradição evidente entre o que prometeu e a situação em que se encontra o país, tentou justificar-se: "Em que situação se encontraria o país sem a intervenção intensa e moderada, muita vezes discreta, que exerci (...) sem os alertas que lancei em devida altura?"
A finalizar, não resistiu a uma declaração demagógica e de baixa política ao anunciar que a sua campanha irá ser "sóbria e contida nas despesas para não ultrapassar metade do valor permitido pela lei em vigor" e que, apesar de saber que poderá ser prejudicado, não vai recorrer a cartazes de rua, como se não soubesse que quem precisa de se tornar conhecido perante os eleitores não é ele…
Em jeito de resposta ao título que dei a este alvitre, com base nas afirmações de Cavaco Silva, direi que sem ele, e outros como ele, não estaríamos piores e estou convencido de que estaríamos bem melhores.