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Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

Orientação incompreensível

Zé LG, 28.12.08

No Hospital de Beja, um carro, que transporte uma criança para ser atendida em qualquer um dos seus serviços, pode ser estacionado no seu interior se a criança for acompanhada apenas por um adulto. Se forem dois adultos a acompanhar a criança um deles fica com a criança e o outro tem de retirar o carro para fora do Hospital.

É esta a orientação, que a administração do Hospital transmitiu ao serviço de vigilância e portaria, que é incompreensível.

Se é recomendado que os pais, ou quem os substitua, das crianças internadas ou em atendimento nos serviços hospitalares, as acompanhem, para que elas sofram menos com a situação, porque carga de água o carro que as transporta só pode ser estacionado no interior do Hospital se houver apenas um adulto a acompanhá-las? O que se pretende evitar, com esta orientação é o estacionamento de carros no interior do Hospital e não a presença de pessoas. Então que diferença faz o carro transportar apenas um ou mais adultos?  

 

"Principais acontecimentos de 2008" e "Perspectivas para 2009"

Zé LG, 27.12.08

Principais acontecimentos de 2008

Internacional

A crise do sistema capitalista, evidenciada pela falência de economia de casino e pela incapacidade de auto-regulação do mercado.

A eleição de Obama para Presidente dos EUA, mais pelo derrube de preconceitos e pelos impactos a nível mundial do que pelas alterações de políticas.

O não da Irlanda ao Tratado Europeu (de Lisboa), mostrando que a construção europeia não deve ser feito “a toque de caixa” dalguns senhores, que desprezam a vontade dos povos.

Nacional

A capacidade de resistência e luta reveladas pelas populações e trabalhadores e suas organizações em defesa do serviço nacional de saúde e do ensino público de qualidade, mostrando que, mesmo com uma maioria, que se esqueceu das promessas eleitorais, prepotente e insensível ao país real, “há mais vida para além do défice” e que as pessoas ainda são capazes de se indignar, como provaram os professores com as suas duas manifestações e a sua greve nacional.

Regional

O processo de extinção das regiões de turismo e de constituição das entidades regionais de turismo, que evidenciou a governamentalização e partidarização que, desde o início, foram apontados à alteração legislativa que o determinou. O PS mostrou, desde a exclusão única de um presidente de uma região de turismo (Évora) da comissão instaladora da Turismo Alentejo até à constituição dos órgãos das novas entidades, onde só à última hora foi incluído um representante da segunda maior força partidária, a forma “democrática” como trata destas coisas – “agora que estamos do poder devemos aproveitar tudo o que ele nos pode dar. Os outros que façam o mesmo quando chegar a vez deles”, como dizem alguns. E, porque o tempo pode não correr tão de feição como parece, vai de colocar os quadros em todos os lugares e de forma a que neles permaneçam por mais tempo…

 

Perspectivas para 2009

Quer a nível internacional, quer nacional, quer regional e local, o próximo ano vai ser marcado por um alargado número de eleições, que a juntar às que se realizaram neste final de 2008, vão determinar o futuro nos próximos anos.

Esperamos que as pessoas saibam tirar as devidas ilações do que se tem passado – crise do sistema capitalista, fracasso do combate ao terrorismo com base na mentira, ligações perigosas de partidos e governos do bloco central de interesses a empresas, abusos das maiorias absolutas, acentuar das desigualdades sociais – e não insistam em confiar o seu voto em quem é responsável por tudo isso.

Esperamos ainda que não seja dada nova oportunidade de continuar a presidir à Comissão Europeia ao “mestre-de-cerimónias” da “cimeira da mentira dos Açores”, o último que ainda se mantém em cena.

Confiamos que os povos, os trabalhadores e as populações estão mais atentos do que parecem e que serão capazes de dar as respostas que estes tempos difíceis exigem.

 

10.12.2008

Publicado no número 88 da revista Mais Alentejo, em conjunto com as opiniões dos outros cronistas, na tradicional  “Ceia dos Cardeais”.

 

Inverter o sentido das políticas

Zé LG, 27.12.08

Parece-me estar, mais ou menos, provado que o crescimento económico só por si não é suficiente para promover o desenvolvimento equilibrado dos territórios e das comunidades.

É tempo de inverter o sentido das políticas, pondo o acento tónico no desenvolvimento humano e social, que deve funcionar como motor do desenvolvimento económico.

A ideia de que é necessário produzir mais para assegurar uma melhor distribuição da riqueza produzida, combatendo, dessa forma, a pobreza e a exclusão social faliu. É necessário, pelo contrário, garantir as necessidades mínimas a todos, de maneira que intervenham mais e melhor no processo produtivo e aumentem a produtividade. O combate à pobreza e à exclusão social pode e deve ser o motor mais dinâmico das economias.

As pessoas têm de estar no centro das políticas aprovadas e aplicadas. Não podem limitar-se a ser tratadas como meros números estatísticos.

 

Progresso científico ao serviço de toda a Humanidade

Zé LG, 24.12.08

Ainda não há muito tempo, num governo igualmente do PS e integrando José Sócrates, era apontada a política social de emprego como uma das traves mestras distintivas da governação do PS.

Bastou menos de meia dúzia de anos para que tal orientação estratégica e distintiva fosse esquecida e substituída pelo Plano Tecnológico.

Embora uma e outra orientação não sejam antagónicas e possam conviver, o que se verifica é que o primeiro-ministro nunca fala em política social de emprego, principalmente como sendo uma orientação estratégica deste governo e, por outro lado, fala sempre do Plano Tecnológico.

Alguém ouviu o primeiro-ministro a explicar aos seus homólogos a importância da política social de emprego e de como é que está a ser concretizada no terreno? Mas todos o vimos e ouvimos, como um qualquer vendedor, a promover o “Magalhães” numa reunião de chefes de Estado e primeiros-ministros.

Naturalmente que nada tenho contra o progresso técnico e científico a não ser quando ele tem como principais finalidade e consequência a acentuação da exploração do homem pelo homem.

Nesta altura, já oiço os bens instalados a insurgirem-se contra esta expressão e a catalogarem-me de pré-histórico e ortodoxo marxista ou marxista-leninista, conforme a indignação e a formação de cada um.

Mas, digam lá se os “velhos chavões” como a “luta de classes” e a “exploração do homem pelo homem” não se mantêm actuais e se não definem bem o que tem vindo a acentuar-se?

Sempre que é aprofundado o conhecimento científico e este transformado em ferramentas da acção do homem podemos afirmar que há progresso científico mas nem sempre podemos garantir que há desenvolvimento humano. Para podermos garantir que “quando um homem sonha o mundo pula e avança” é preciso que as novas técnicas e tecnologias sejam colocadas ao serviço de toda a Humanidade.

Voltando ao princípio deste texto, quando o PS falava em política social de emprego certamente pretendia dizer que o desenvolvimento científico traria consigo o progresso técnico e tecnológico e que este provocaria o desenvolvimento das sociedades, de que resultariam (e pode resultar, assim o queiram), cada vez mais, cidadãos com mais tempo livre, quer porque seria possível reduzir o tempo diário e semanal de trabalho quer porque seria possível reduzir a idade mínima de reforma.

Desta circunstância, da colocação efectiva das novas técnicas e tecnologias ao serviço dos cidadãos, resultariam novos mercados, como o mercado social de emprego e o crescimento da indústria do turismo e do lazer, que animariam os tempos livres daí resultantes.

Isto assim escrito e, principalmente, nesta altura pode parecer um “conto de fadas”, que tem como único objectivo adormecer crianças mais resistentes, nestas noites frias de Inverno.

Mas meus caros leitores, a quem aproveito para louvar a paciência, este “conto de fadas” pode ser o tal “sonho” que quando um homem o tem “o mundo pula e avança”.

E aqui entra, mais uma vez, a também “velha história” da divisão do bolo, que os acontecimentos mais recentes tão bem têm posto à evidência – não é aumentando o bolo que o tamanho das fatias fica mais equilibrado, se o bolo for repartido mais equitativamente é mais provável que os comensais se esforcem de maneira mais equilibrada em fazer bolos maiores.

A crise actual não se deve apenas à promessa de fatias do bolo para além das possíveis mas, e talvez principalmente, porque alguns se alambazaram com o bolo quase todo. E a prova disso é que os que se alambazaram continuam bem e, mesmo que alguns venham a ter alguns problemas para parecer que a justiça funciona, já ninguém lhes tira o proveito que tiveram, os que acreditaram na promessa de uma fatia ou tiveram uma fatia pequena ficaram pior do que já estavam e os Estados vão tapar os buracos com fatias dos bolos que diziam não existirem e não quiseram distribuir.

Um bom ano cheio de saúde, paz e solidariedade e muita resistência às novas palavras que escondem velhos e injustos princípios é o que vos desejo a todos, mesmos aos que comigo não concordam.

Alvito, 02.12.2008

 

Publicado na revista Mais Alentejo nº 88.

 

Saiu o número 88 da revista Mais Alentejo

Zé LG, 24.12.08

Traz como tema de capa "Carla e Fernando - Glamour na Gala de todo o Alentejo".

 

Outros temas também com chamada na capa são:

- ALTERDO CHÃO - Cavalo à solta pelas margens do futuro;

- MONTE DOS PERDIGÕES - Vinhos com arte e encantamento;

- Henrique Troncho - Projecto Alqueva concluído em 2013.

 

Na secção SOCIEDADE, "Na habitual "Ceia dos Cardeais", António Almodôvar, Horácio Flores, Joaquim Letria, José Lopes Guerreiro e Vítor Fernandez da Silva fazem a análise regional, nacional e internacional do ano que agora chega ao fim. Os cinco colaboradores da revista Mais Alentejo partilham ainda com os leitores as perspectivas e previsões para 2009.