Também Munhoz Frade respondeu a afirmações peitas pelo Dirigente do PCP José Catalino, publicada na penúltima edição do Diário do Alentejo.
Porque ela mostra que não sou o único (há outros, que entendem não ser oportuno manifestarem-nas publicamente) a ter posições críticas da Direcção do Partido, transcrevo aqui o artigo de Munhoz Frade.
"PCP: quem foi à vida e a voz que fica
Sou um dos que a Direcção do PCP quis e pensou que fosse “à vida”, conforme a expressão que J. Catalino utilizou na sua recente entrevista publicada no “Diário do Alentejo”.
Catalino, quiçá involuntariamente, confessa que assim quis a Direcção do PCP, pensando que resultaria – mesmo que para tanto tenha sido utilizado um método anti-estatutário e ilegal – como processo de resolver administrativamente questões de ordem ideológica.
A Direcção do PCP ordenou, a Direcção Regional cumpriu, e a estrutura local aceitou que o Partido ficasse sem voz nas questões de política de saúde a nível do Alentejo (os distraídos podem consultar os arquivos do “Diário do Alentejo” desde 1980).
Senão, veja-se o silêncio cúmplice dos dirigentes da Rua da Ancha perante todas as mais graves investidas contra o Serviço Nacional de Saúde levadas a cabo nestes últimos anos (desde a chamada empresarialização dos hospitais) na nossa região.
Sim, digo cúmplice porque destacados membros do PCP estiveram activamente envolvidos nas decisões que levaram à implementação no terreno, designadamente no distrito de Beja, de medidas inseridas numa política contrária à definida nos documentos e na linha programática do PCP.
Esses “camaradas”, que verdadeiramente andavam na sua “vidinha” instalados nos meandros do poder (não importando a cor político-partidária que tivesse…), não quis o PCP “mandar à vida”…
Nestes anos, a DORBe preferiu ser (mal) “informada” da situação local da saúde por esse “canal preferencial”, ignorando alertas vindos de várias estruturas, inclusive de centrais sindicais! (Estavam proibidos de dar ouvidos a “um perigoso renovador”…)
No decorrer dos anos, as famigeradas previsões quanto aos chamados “trânsfugas” falharam rotundamente (indubitavelmente no que me diz pessoalmente respeito – não tomei outro Partido…), ficando no ar o ridículo vazio de tais acusações…
E entretanto também, vimos outros serem premiados pelos resultados da sua aplicação na gestão de outras políticas (não comunistas, bem entendido…): vejam-se recentes nomeações hospitalares e respectivas deslocações de colaboradores…
O facto de não existir uma célula com militância na Saúde em Beja tem vindo a calhar às mil maravilhas para a política neo-liberal de destruição do SNS, que “à vontadinha” e com o silêncio do PCP vai fazendo tudo o que bem pretende, sem qualquer oposição organizada.
A quem pedir responsabilidades por este verdadeiro capitulacionismo?
Catalino já teve a resposta de Lopes Guerreiro. Hoje tem a minha.
A Direcção do PCP esbulhou-me de um direito sem qualquer explicação, ignorando até hoje os pedidos formais escritos que lhe enderecei, dos quais não desisto.
Esta voz crítica, como a de Lopes Guerreiro, também ficou. Resiste, ainda que a não aceitem no PCP."
Munhoz Frade