É preciso respeitar os sentimentos de cada um
“Não consegui evitar que casassem um dos meus ciganinhos à força, a pressão dos pais foi tal que o casaram à pressa e com uma miúda que ele nem conhecia, sem dentes com 14 anos.
Todo o ano eu batalhei nisto, era o cigano que mais gostava de vir à escola e fazer as actividades.
Grande festa na rua, com os homens todos bÊbados e as mulheres todas submetidas aos caprichos.
Apanhei-o sozinho e perguntei "Estás feliz, M...?" sabendo de antemão a resposta... Ele disse-me de olhos a tremer: "Não, professora...mas não pude fazer nada e agora tenho que me aguentar como um homem, é a lei cigana..."
E à parte de tudo e todos estava a J. de olhos grandes e tristes, linda linda como só uma cigana sabe ser, com quem ele sempre namorou aqui na escola, escondidos dos pais... Um namorico tão bonito que eu tentei sempre proteger, mas só até onde esbarrei nas leis dos supostos homens...
Conto-te porque sei que percebes o porquê de me preocupar com um reles cigano que casou, pois se eu disser isto a mais alguém caem-me em cima a dizer que é só para o RSI...”
Copiei, com a devida vénia, este texto que H em boa hora publicou aqui, porque ele mostra, de forma bastante clara e bonita, como existem tantos mundos no Mundo e o quanto é preciso fazer para, com respeito pela idiossincrasia de cada povo, respeitar os sentimentos de cada um e os Direitos Humanos encarados à luz dos tempos que vivemos.