E agora, como vai ser?
As eleições em Portugal têm sempre a mesma conclusão para todos os partidos – todos ganham qualquer coisinha.
Desta vez, foi assim:
- O PS perdeu a maioria absoluta, mais de meio milhão de votos e mais de 20 deputados, distribuídos por todos os outros, mas ganhou as eleições com maioria relativa “clara”;
- O PSD perdeu as eleições mas ganhou, pelo menos, mais 7 mil (!!!) votos e, pelo menos, 3 deputados;
- O CDS não ganhou as eleições mas ultrapassou a barreira dos dois dígitos, obteve mais 177 mil votos e 9 mais deputados, voltando a ser a 3ª força política;
- O BE não ultrapassou (por pouco) a barreira dos dois dígitos, nem conseguiu fazer maioria com o PS, nem manteve o 3º lugar mas obteve mais 193 mil votos (foi quem mais subiu) e mais 8 deputados;
- A CDU passou a 5ª força política, perdendo a vice-presidência da AR, mas aumentou em 14 mil votos e 1 deputado.
E agora, depois do povo expressar a sua vontade e dos partidos se auto-congratularem com os resultados obtidos, como vai ser?
Espero que seja assim:
- O PS deverá tirar as devidas ilações dos resultados eleitorais, numa perspectiva de esquerda, tendo bem presente a forte penalização eleitoral que sofreu quer nestas quer nas eleições para o Parlamento Europeu e que perdeu a maioria absoluta;
- O PS deverá concretizar uma viragem à esquerda, que anunciou na campanha eleitoral, privilegiando acordos conjunturais à esquerda e não caindo na tentação de fazer uma coligação com o CDS com o argumento da necessidade de estabilidade governativa, porque o que garante estabilidade é a prática política e não a aritmética dos deputados;
- Os partidos da esquerda alternativa – BE e CDU -, deverão prosseguir com firmeza a sua oposição às políticas e medidas neo-liberais do governo e apoiar, com responsabilidade, todas as suas políticas e medidas que contribuam para o progresso de Portugal e a melhoria das condições de vida do povo, através de uma maior justiça social, designadamente no combate à pobreza e às desigualdades sociais;
- A revisão eleitoral deverá ser feita com base em alargados consensos e não apenas em acordos de interesses entre o PS e o PSD (bloco central de interesses);
- À esquerda, deverá começar-se a trabalhar, desde já, para escolher, com o maior consenso possível, um candidato às próximas presidenciais que, uma vez eleito, assuma posições progressistas e claras sem alimentar tabus.