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Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

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Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

O ESTILO “SOMOS PORTUGAL” NAS AUTARQUIAS LOCAIS

Zé LG, 18.09.17

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As tardes de domingo televisivas são assombradas por programas tenebrosos. Cantores de quinta categoria enquadradas por “dançarinas” da quarta divisão guincham slogans que querem parecer canções. De vez em quando aparece o apresentador, que entrevista artesãos e entidades locais. Há, sempre, lugar à inevitável entrevista do autarca. O custo financeiro destas coisas é sempre muito mais alto que o verdadeiro interesse que possam ter. Saem caro e é dinheiro deitado à rua. Sempre me recusei, enquanto presidente da câmara, a trazer a Moura programas que saem caro e nos quais metade do tempo é gasto a promover concursos (“ligue para o 700” etc.).

 

Pior é hoje a ideia que este estilo do “Somos Portugal” está no centro da atividade autárquica. Substituem-se intervenções de fundo (obras de reabilitação e de reequipamento) por coisas efémeras (mega-caminhadas e festas e festinhas). Deixa-se a política social para segundo plano e adotam-se práticas que pouco têm a ver com solidariedade. A feirização da política é uma tragédia e a falta de preparação que por aí campeia outra tragédia.

Fazer da política local um “tele-show” de sorrisos de plástico e de discursos xaroposos em que se tratam as pessoas por “amiguinhos” é um equívoco e um perigo. Há quem tenha essa tentação e não conheça os seus limites.

O que é uma Câmara Municipal? Uma máquina de 350 pessoas, 17 milhões de euros de orçamento, dezenas de viaturas, responsabilidades na área da educação, da limpeza urbana, na reparação de estradas e caminhos municipais (169.350 metros...), mais o dever de manter e melhorar equipamentos culturais e desportivos. Mais aquilo que tem de ser feito em termos de habitação. E que tem sido feito, com determinação.

O que nos espera a partir de outubro?

O arranque de obras de mais de 5 milhões de euros. Mais o projeto para o Convento do Carmo, no qual fomos pioneiros no âmbito do programa REVIVE. E mais o desenvolvimento de novos projetos, que necessitam conhecimento e preparação. Pensar que isso pode ser subsituído por uma política de festinhas, cabazes e coisas soltas é um erro sério...

 

Uma Câmara é uma máquina complexa e cuja gestão exige trabalho duro. Não é uma pequena estrutura de 10 funcionários. Os próximos anos serão de grande exigência. Tão exigentes como estes que acabam de passar. E isso implica, passe a imodéstia, preparação e conhecimentos. E, já agora, boa educação.

 

Artigo publicado em "A Planície" de 15.9.2017 e AQUI, por Santiago Macias.

Fotografia de José Manuel Rodrigues

 

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