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Alvitrando

Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

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Aqui se dão alvíssaras e trocam ideias sobre temas gerais, o Alentejo e o poder local, e vou dando notícias das minhas reflexões sobre temas da actualidade e de acontecimentos que achar que devem ser divulgados por esta via.

“INCLUSÃO TRAZ DE BENEFICIO PARA TODOS”

Zé LG, 27.06.17

Amigo José Lopes Guerreiro. O que descreve de forma tão sucinta e sábia é um Drama Nacional, para todos os que por um ou outro motivo precisam do apoio diário e às vezes permanente para toda a vida: Incluem-se neste grupo, muito heterogéneo outras pessoas que em virtude de problemas psíquicos graves a sociedade os não aceita no seu seio. Até agora esse drama só tem sido vivido por aqueles que são os progenitores e familiares próximos. É difícil imaginar o sofrimento diário daqueles que se encontram nestas situações, é difícil imaginar as soluções que procuram no dia a dia para que no futuro os seus filhos continuem a ser protegidos, acarinhados e acompanhados. E, embora este seja um problema de sobrevivência humana continua sem resposta.

Muitas vezes pergunto-me porquê pois, como sabe, a minha vida profissional e até pessoal foi e é na área da criação de respostas educativas para os cidadãos que falamos. E não se pode ser profissional nesta área 40 anos e depois dar por terminado a nossa tarefa. As preocupações e o envolvimento continua. Não tenho respostas mas tenho uma experiência de vida e, ela diz-me que, se não formos nós próprios a intervir de forma cidadã nesta matéria, continuará a não haver respostas nas próximas dezenas de anos. Foi a organização dos pais e dos técnicos que fez ver a luz do dia às CERCIS, foram depois pais e professores e outros técnicos que à revelia da própria legislação vigente inscreveram e criaram, emcondições precárias, é certo, as primeiras "integrações" nas escolas e nas pré primárias. Mas foi um passo em frente e hoje ninguém contesta essa força poderosa que a Inclusão traz de beneficio para Todos; alunos , professores, pais, sociedade em geral. Ouvimos tantas vezes dizer, os que lutaram por aplicar estes princípios, que não íamos conseguir. Ouvimos tantas vezes dizer que o que era preciso eram instituições. As próprias Cercis passaram a ter unicamente respostas pós escolaridade obrigatória. A Inclusão escolar deu novo passo com essa medida. Falava da minha experiência para constatar que há um "silêncio ensurdecedor" à volta destas situações. Muitas vezes os pais que tanto lutam no dia a dia não sentem forças ou não têm perspectivas para levar mais longe a sua indignação, as preocupações são diárias o envolvimento e os trabalhos com os seus filhos são a dobrar ou a triplicar em relação aos outros filhos. Há uma espécie de vergonha colectiva em aceitar no seu seio e retribuir-lhes com dignidade os cuidados e os aspectos da vida diária de que necessitam. A mensagem dos país e cuidadores não chega aos responsáveis políticos e das próprias pessoas em causa também não. Por isso os cuidados são inexistentes, as pensões por invalidez miseráveis. Acho no entanto que vos devo falar de uma situação nova que abre alguns horizontes novos para as situações que nos preocupam neste texto, independentemente de outras que se possam via a encontrar, trata-se do Projecto de VIDA INDEPENDENTE, que poderá nalguns casos ser uma resposta, mas poderá também ser uma experiência da qual se poderão tirar conclusões para a criação de outras respostas para jovens e adultos que necessitem de uma resposta adequada à sua situação. Por último, não considerando este assunto esgotado, é minha convicção que a movimentação dos pais , familiares e cuidadores deveria centralizar-se neste aspecto especifico, constituindo para isso um grupo, associação ou outra forma de organização, independentemente de todos os outros movimentos específicos que têm toda a razão de ser, mas que perdem força no que diz respeito a este aspecto concreto de um FUTURO MELHOR.

José R. R. Janeiro