"ESTE 'NÃO' É UM GRANDE 'SIM' À EUROPA DEMOCRÁTICA" AFIRMA VAROUFAKIS
"A partir de amanhã, a Europa, cujo coração está a bater esta noite na Grécia, vai começar a curar as suas feridas, as nossas feridas. O 'Não' de hoje é um grande 'Sim' à Europa democrática", afirmou o ministro das Finanças grego, três horas e meia depois do fecho das urnas e com a contagem de quase dois terços dos votos a darem a vitória ao 'Não' por mais de 61%.
Parece-me uma conclusão feliz. O que esteve em causa neste referendo foi se a União Europeia (EU) deve ser uma construção democrática ou, pelo contrário, deve representar uma política única, determinada por um pensamento único. E se governo, legitimado por eleições democráticas, pode ou não definir uma política autónoma, sem subserviência à política e ao pensamento dominantes na UE. E o Povo grego, ao votar maioritariamente NÂO às condições do acordo que as instâncias europeias e o FMI lhe querem impor, respondeu claramente SIM aquelas questões – a UC deve ser uma construção democrática, que deve respeitar todos os governos democráticos dos seus estados membros, incluindo os que têm uma política diferente da dominante.
Hoje, o Povo grego disse NÂO ao caminho que a EU está a seguir e à austeridade que a troica pretende continuar a impor, de forma reforçada. E disse SIM às posições patrióticas e de defesa do Povo grego.
Esta seria também a posição dos povos de Portugal e de Espanha, bem como os da maioria dos países da EU, se lhe fosse dada a possibilidade de votar, como aconteceu na Grécia. Essa é a minha convicção.
Hoje, venceram os que defendem a democracia, os que defendem o seu povo, venceu a Grécia e venceu o seu governo. Para quem possa ainda ter dúvidas, basta ver pensar na demissão do líder do principal partido que defendia o sim e que foi o responsável maior pelo estado a que chegou a Grécia.
Hoje perderam que insistem em impor um pensamento e uma política únicos, os que querem impor e os que aceitam subservientemente mais austeridade.
Será decisivo para o futuro da construção da EU que todos os seus líderes entendam as palavras de Varoufakis e se esforcem por dar-lhes conteúdo.
“NÃO PODEM IGNORAR A VONTADE DE UM POVO”, AFIRMOU TSIPRAS.